Começa a chover. Corro para apanhar o eléctrico. Hora de ponta. Está cheio, mas consigo arranjar um banco livre, nenhum idoso se quer sentar. Aproveito o lugar. E no meio dos meus pensamentos, - que parva sair de casa sem guarda-chuva, espero que a chuva pare quando for a minha vez de sair - entra um senhor com dois miúdos, 3 e 6 anos talvez, retira um pacote de bolachas da mochila e oferece a um miúdo sentado ao colo da mãe a meu lado, dá aos filhos e oferece-me a mim, nego. Mas reparo nas feições do senhor, sorri-o gentilmente. Deve andar á volta dos 40 e poucos, barba grisalha, pai extremoso. Os meus pensamentos vagueiam - para além da chuva que se intensificou, - e acabo por esboçar um sorriso, já não tão espontâneo como fora antes.
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